Arribas

Tudo começou com uma amostra - numa tentativa de materializar em têxtil uma ideia, ou melhor, uma paisagem. Estávamos em plena pandemia e eu precisava de alguma coisa que me desse ar, que me transportasse para um lugar aberto, grande, daqueles que têm a capacidade de nos dar liberdade. Sempre me impressionou a forma abrupta e igualmente incrível de como a terra acaba. Aquelas escarpas esculpidas que se despenham no mar. Impõem respeito, colocam-me no lugar, fazem-me sentir pequena, mas livre. O vento, a adrenalina de estar no limite, o horizonte ao fundo e todo um mar de possibilidades entre mim e ele. Teci então.

Ano e meio mais tarde chegou a oportunidade de explorar mais este conceito. Um convite com um briefing que falava de arribas, para um lugar onde elas abundam - Sagres. Às vezes os astros alinham-se mesmo. 

Desenhei e criei um corpo de trabalho de seis tapeçarias - complementado por um outro conjunto em mix media (que mostrarei mais tarde). Tinha uma paleta de cores que reflectiam o lugar e um conjunto de imagens para inspiração.

Foi um trabalho que se prolongou no tempo. Um tempo que chega agora ao fim, por isso este registo. O trabalho encerra, mas não as "Arribas". Posso dizer que já as voltei a trabalhar num outro suporte, e que vou voltar a elas, mais que não seja, quando precisar de um balão de oxigénio.

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